Doenças crônicas que podem causar a infertilidade
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a infertilidade atinge entre 10% a 15% dos casais em idade reprodutiva. Para essa entidade, os parceiros conjugais que não conseguem engravidar após 12 meses de relação sexual sem o uso de métodos contraceptivos são considerados oficialmente nesta condição. Para mulheres com mais de 35 anos, a investigação de uma causa de infertilidade já poderia ser iniciada após o período de 6 meses sem gestação.
Após esse tempo, a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), recomenda a busca por um médico especialista para realizar todos os exames, investigar o problema, encontrar um diagnóstico e iniciar um tratamento. A OMS também estima que aproximadamente 35% dos casos de infertilidade estão relacionados isoladamente à mulher, cerca de 35% estão relacionados ao homem, 20% a ambos e 10% são provocados por causas desconhecidas. A boa notícia, é que grande parte desses problemas são perfeitamente tratáveis, mesmo em casos de doenças crônicas.
O que são doenças crônicas?
A Organização Mundial de Saúde define as doenças crônicas como aquelas de lento desenvolvimento e longa duração, e que podem acompanhar as pessoas durante toda a vida, em muitos casos. Essas doenças geralmente não estão associadas a uma única causa, uma vez que há diversos fatores conhecidos, incluindo aqueles que estão relacionados a estilos de vida e hábitos não saudáveis.
Entre as principais doenças crônicas estão as doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas (bronquite, asma, DPO, rinite), hipertensão, câncer, diabetes e doenças metabólicas (obesidade, diabetes, dislipidemia). Além delas, há outras doenças menos comuns e mais específicas, que podem ser de ordem congênita ou genética. Nos tópicos a seguir, confira algumas das doenças crônicas causadoras da infertilidade para homens e mulheres, assim como as suas alternativas de tratamento.
Mulheres
Síndrome do Ovário Policístico
A Síndrome do Ovário Policístico é um distúrbio endócrino que altera os níveis hormonais, fazendo a mulher ovular menos. Essa condição diminui, mas não elimina, as chances de uma gravidez. Para quem precisa de tratamento, diversas são as opções, de acordo com o histórico de cada paciente e a recomendação de cada médico. Existem várias alternativas, que vão desde exercícios, dietas e suplementação, até a utilização de remédios para estimular a ovulação.
Endometriose
O endométrio é um tecido que reveste a cavidade do útero. A endometriose acontece quando um tecido como o endométrio cresce em locais fora da cavidade do útero. Neste caso, os focos de endometriose podem crescer no ovário, nas trompas e outras regiões próximas e até mesmo mais distantes do útero. Em qualquer das localizações possíveis, o tecido de endometriose que também é sensível aos estímulos hormonais, responde com crescimento e, no momento da menstruação, descama ao mesmo tempo que o endométrio na cavidade do útero.
A doença, nos casos mais intensos, pode alterar a anatomia do aparelho reprodutor feminino, podendo inclusive fazer com que distorções da disposição dos órgãos da pelve feminina, dificultem que o espermatozóide e óvulo consigam se encontrar. Em boa parte dos casos que necessitarão de tratamento, dentre as alternativas mais eficientes estão os tratamentos de reprodução assistida com a fertilização in vitro (FIV). Apesar disto, há casos que podem ser resolvidos de maneira mais simples com tratamentos clínicos ou mesmo cirúrgicos.
Mioma uterino
O mioma é um tumor benigno que pode acometer as mulheres em idade fértil. Nem sempre o problema tem sintomas, mas, entre os mais comuns estão fluxos menstruais mais longos e intensos, cólicas e possíveis dores durante a relação sexual. Vale lembrar também que nem todo mioma causa infertilidade. No entanto, quando eles crescem dentro da cavidade uterina, podem não apenas dificultar a gravidez como aumentar o risco de abortamento, principalmente por estarem no endométrio, correndo o risco de bloquear a entrada das trompas e dificultar a implantação e o desenvolvimento do embrião.
Doença inflamatória pélvica
A doença inflamatória pélvica nada mais é que uma infecção que pode atingir as tubas uterinas, o ovário, o útero ou o seu endométrio. Ela é causada quando alguma bactéria vaginal sobe até o colo do útero e contamina toda a pélvis e está relacionada com doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Entre os sintomas da DIP, como o quadro é conhecido pelos médicos, estão dores abdominais, secreção vaginal, dor durante a relação sexual e, em alguns casos, fadigas, dores pelo corpo e até mesmo febre.
Nos casos mais leves, a doença pode ser tratada com antibióticos e em casa, porém nos mais severos, a internação, antibióticos por via venosa e até mesmo cirurgia podem ser necessários. Um médico especialista poderá indicar algum tratamento de reprodução assistida no futuro, quando após tratada a fase aguda e mais severa, as sequelas deixadas por essa infecção causarem infertilidade, o que geralmente ocorre por lesões ou obstrução das trompas.
Homens
Varicocele
A varicocele é uma das principais causas da infertilidade masculina. O problema é causado pela dilatação das veias do cordão espermático (estrutura que sustenta e mantém os testículos na bolsa escrotal). Isso acontece quando as válvulas dentro das veias facilitam o retorno do sangue para o testículo, gerando o inchaço e o alargamento das veias. A condição geralmente causa o aumento da temperatura no local, fator que afeta a produção do sêmen.
A varicocele afeta a fertilidade de 40% dos homens que a tem e neles a intervenção cirúrgica é o caminho mais indicado. Em outros casos, quando a doença deixa sequelas que comprometem a motilidade e a qualidade do sêmen, tratamentos de reprodução assistida como a fertilização in vitro podem ser indicados pelos médicos.
Azoospermia
A azoospermia é uma condição que ocorre em cerca de 15% dos homens que apresentam infertilidade e é caracterizada pela ausência de espermatozóides no sêmen. O problema é geralmente causado por alguma patologia que afeta a produção de espermatozóides pelos testículos ou pode ser fruto de alguma intervenção cirúrgica, como a vasectomia, por exemplo, que bloqueia a saída dos gametas masculinos. Sendo assim, a doença é dividida em dois quadros: obstrutivo e não obstrutivo.
No caso da azoospermia obstrutiva, em princípio o tratamento consiste na desobstrução anatômica do bloqueio que impede a passagem do espermatozóide. Para os casos de vasectomia, por exemplo, há cirurgias de reversão. Na impossibilidade de desfazer esse bloqueio, também é possível coletar os espermatozóides diretamente do epidídimo (duto dentro do aparelho reprodutor masculino), para realizar tratamentos de reprodução assistida como a fertilização in vitro (FIV).
Já nos quadros de azoospermia não obstrutiva, o tratamento vai depender do diagnóstico do médico especialista e pode envolver desde reposições hormonais até a recomendação de restrição para alguma substância, entre outros diversos caminhos possíveis. Em algumas situações não é possível reverter a azoospermia não obstrutiva e nestes casos lança-se mão de uma biópsia de testículo, onde existe 50% de chance de se achar alguns espermatozóides para realizar a fertilização in vitro com a injeção intracitoplasmática de espermatozóide (ICSI).
Ao sentir qualquer um desses sintomas mencionados, é essencial que você procure um médico, antes de tirar qualquer conclusão precipitada sobre um diagnóstico que não foi realizado por um profissional da saúde.
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Categoria: Infertilidade
Publicado em: 01/12/2020