O que é aborto de repetição?
O aborto de repetição acontece quando a mulher sofre três ou mais abortos seguidos. Tal condição pode atingir mulheres de diferentes idades, características, históricos de reprodução e uma vasta variedade de fatores clínicos associados. Como é de se imaginar, essa é uma situação extremamente delicada para tentantes e casais que passam por essa experiência.
Muito além das questões físicas, há fatores emocionais que podem ser desencadeados por essas sucessivas tentativas de levar a gravidez até o seu final. Nos próximos tópicos, vamos explicar algumas das principais causas para o aborto de repetição, consultas e exames necessários para realizar o diagnóstico e os principais tratamentos para aumentar as chances de uma gravidez saudável e bem sucedida.
Principais causas
Como já dissemos, no início deste texto, diversos podem ser os fatores que levam a mulher ao quadro de aborto de repetição. Os estudos e pesquisas sobre o tema ainda mostram que não é possível identificar as causas do abortamento de repetição em aproximadamente 50% dos casos. Entre as principais causas identificáveis, estão:
Genéticas
Grande parte dos casos de aborto de repetição acontece em decorrência de alterações genéticas do embrião. Um bebê deve possuir 23 pares de cromossomos, com todos os genes que vão possibilitar o seu desenvolvimento. Quando esse número é alterado, para menos ou para mais, aumentam as chances de aborto. A possibilidade dessa alteração é mais elevada para mulheres acima de 35 anos.
O quadro também pode se manifestar clinicamente na condição conhecida como 'ovo anembrionado', quando a ultrassonografia permite a identificação de um saco gestacional vazio, isto é, sem embrião. Nos casos de tratamento de reprodução assistida, quando o diagnóstico da causa genética já foi estabelecido previamente, os médicos poderão realizar a seleção dos embriões mais adequados para a gestação, ou seja, aqueles que não foram acometidos pelas alterações genéticas em seus cromossomos. Isto é possível através do estudo genético dos embriões, antes de que estes sejam transferidos ao útero.
Anatômicas
Seja por conta de malformações congênitas ou adquiridas, alterações da anatomia do útero podem tornar a cavidade uterina inviável para o desenvolvimento completo de uma gestação, podendo gerar casos de aborto de repetição. Algumas dessas anomalias anatômicas são o útero bicorno, útero septado, entre outros que veremos a seguir. Além disso, miomas acima de quatro centímetros podem afetar a cavidade endometrial em alguns casos. Para quem não sabe, miomas representam o crescimento de células musculares da parede do útero, formando 'nódulos ou pequenas bolas' na própria parede ou na cavidade deste órgão.
Outro fator que pode estar relacionado com a dificuldade de desenvolver a gravidez até o final, são pólipos endometriais. Essa condição é caracterizada pelo crescimento desordenado do endométrio (camada de dentro do útero, que sangra todo mês por influência hormonal, durante a fase reprodutiva). Embora na maioria dos casos os pólipos não provoquem sintomas e sejam benignos, a retirada deles aumenta a taxa de gravidez, e a conduta tem sido recomendada para os casos de tratamento com reprodução assistida.
As principais malformações congênitas são:
Útero didelfo: quando o útero é duplicado, apresentando colo uterino duplo e, alguns casos, até canal vaginal duplo;
Útero bicorno: quando há a presença de uma separação no fundo do útero (cornos uterinos), o que divide o corpo e a cavidade do útero em duas metades independentes. Uma parede mantém os dois lados do corpo e da cavidade uterina separados e esta divisão pode ter extensão variável;
Útero unicorno: quando o útero tem metade do tamanho normal, só se estende para o lado de um ovário e tem apenas uma tuba uterina;
Útero septado: quando há a presença de um septo, espécie de membrana, no meio da cavidade uterina, a qual divide a cavidade uterina porém não o seu corpo, que permanece único.
Importante lembrar que várias dessas alterações podem ser tratadas por procedimentos cirúrgicos, que permitem que a gravidez possa ocorrer de forma saudável, depois do tratamento.
Trombofilias
Essa condição aumenta a chance de formação de trombos no sistema reprodutivo, com coágulos que se instalam em vasos sanguíneos e podem obstruir a passagem de sangue. Sendo assim, quando esses coágulos obstruem os vasos da placenta, aumentam bastante o risco da perda embrionária, já que o embrião deixa de receber o aporte sanguíneo placentário adequado, que é primordial para o seu desenvolvimento durante a gravidez. Entre as trombofilias mais recorrentes nos casos de aborto de repetição, estão:
Síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAF ou SAAF);
Mutação do fator V de Leiden (trombofilia hereditária mais comum);
Mutação do gene da protrombina;
Deficiência de proteína C e proteína S;
Deficiência de antitrombina, entre outras.
Geralmente a recomendação para esses casos na medicina reprodutiva é o tratamento com terapia antitrombótica.
Endócrinas
Diabetes mellitus (Diabetes Gestacional), doenças ligadas à tireoide (hipotireoidismo e hipertireoidismo) e insuficiência de corpo lúteo (diminuição da progesterona) são alguns dos principais distúrbios endocrinológicos que podem causar o aborto de repetição. Além disso, é importante lembrar que mulheres com histórico de SOP (Síndrome dos Ovários Policísticos) tem o risco aumentado de desenvolver problemas hormonais durante a gestação.
Imunológicas
Esse quadro acontece, em teoria, quando o organismo da mulher produz anticorpos contra o próprio embrião que está se desenvolvendo na gestação. Essa causa é normalmente dividida em duas categorias: autoimunes (quando o organismo materno rejeita as próprias células) e alo-imunes (quando o organismo materno rejeita as células do pai). Esses quadros são de difícil comprovação diagnóstica e seu tratamento é ainda discutido na literatura científica com opiniões tão diversas que tornaram algumas propostas de tratamento bastante restritas, inclusive em seus aspectos legais no Brasil e em outros países. Toda esta discussão se deve à discutível eficiência dos tratamentos e às possibilidades de efeitos adversos graves em resposta a estes mesmos tratamentos.
Ambientais e Hábitos/estilo de vida
Tratamentos de quimioterapia, radioterapia, exposição a gases anestésicos e mercúrio, tabagismo e uso de outras drogas, além do consumo abusivo de álcool também podem representar um risco para uma gestação saudável, causando em alguns casos o aborto de repetição.
Quais exames são necessários para o diagnóstico?
Como você pode perceber, nos tópicos acima, são diversas as causas que podem estar associadas com o aborto de repetição. Antes de qualquer coisa, para descobrir qual é o problema que está causando seu quadro de infertilidade, a mulher deve procurar um médico especialista em reprodução humana. É ele quem deve fazer todas as avaliações cabíveis e necessárias para chegar ao diagnóstico e, assim, recomendar o melhor tratamento. Depois de uma entrevista detalhada com a mulher e seu parceiro, esse profissional vai pedir alguns exames. Entre eles, os mais comuns são:
Pesquisa de trombofilias
Com resultados colhidos por meio de exames de sangue, respeitando um intervalo desde o último aborto de no mínimo 90 dias.
Dosagens hormonais
Para pesquisar alteração de eixos hormonais que podem interferir no ciclo menstrual como, por exemplo, o eixo da tireoide.
Exames gerais de sangue
Para verificar o estado de saúde geral da mulher e identificar possíveis comorbidades (diabetes, alteração no colesterol) e doenças infecciosas.
Exames de imagem
Para visualização das condições do útero, tubas uterinas, ovário e a identificação das malformações e alterações uterinas.
Cariótipo materno e paterno
Para analisar a quantidade e estrutura dos cromossomos e identificar possíveis alterações.
Após vários abortos é possível ter um bebê saudável?
A resposta é um sonoro sim, para a maioria dos casos de aborto de repetição, felizmente. Mas, como já dissemos ao longo do texto, antes de qualquer coisa, é essencial procurar por uma clínica especializada em reprodução assistida, como as do Projeto Beta, por exemplo. Depois de descoberta a causa do aborto de repetição, os médicos especialistas vão indicar o tratamento mais adequado, que vai variar de acordo com cada paciente, seu diagnóstico e condição.
Dependendo das causas do aborto de repetição, o caminho recomendado por ser mais simples, com mudanças de hábitos, como alimentação mais saudável, desintoxicação de drogas e álcool, a interrupção de alguma atividade física ou a ingestão de remédios e hormônios. Em outros, é necessária uma intervenção cirúrgica no aparelho reprodutor.
Por fim, a reprodução assistida pode ser a melhor saída ou até mesmo o tratamento definitivo para vencer o aborto de repetição. Principalmente quando existe alguma alteração genética dos pais, com risco de transmissão para os filhos. Para esses casos, o casal é submetido ao tratamento de fertilização in vitro (FIV), com a seleção de embriões saudáveis antes da transferência.
O Projeto Beta possui uma equipe multidisciplinar de médicos especialistas em reprodução humana, preparada para auxiliar nesse processo e disponibilizar todo o cuidado para a realização do sonho da maternidade. Para ter mais informações sobre nossas disponibilidades de tratamentos, clique no botão de WhatsApp, localizado no canto inferior esquerdo da tela, e fale com nossos colaboradores.
Categoria: Dúvidas
Publicado em: 11/11/2020