Laparoscopia ou Fertilização in vitro?
Você já ouviu falar em laparoscopia? Tecnicamente conhecida como videolaparoscopia, ela é uma técnica cirúrgica que pode ser utilizada para o tratamento de doenças ou lesões do sistema reprodutivo feminino causadores da infertilidade. Entre as condições que podem ser tratadas por meio deste procedimento estão a endometriose, lesões nas tubas uterinas e nos ovários, além de alguns tipos de miomas do útero.
Por outro lado, a fertilização in vitro (FIV), também conhecida popularmente como 'bebê de proveta', é um tratamento que fertiliza os óvulos em um laboratório especializado, como o do Projeto Beta, para depois transferir os embriões para o útero da mulher. Na maior parte dos casos, essa fertilização acontece com a injeção de um espermatozóide em cada óvulo com a ajuda de microagulhas (fertilização in vitro com ICSI).
Dúvida recorrente
Algumas mulheres com problemas de infertilidade nos fazem o seguinte questionamento: qual é o melhor entre os dois procedimentos? A cirurgia ou a mais avançada técnica de reprodução assistida? O fato é que não é exatamente um ou o outro.... Primeiramente, é preciso lembrar que apenas um médico especialista poderá avaliar cada paciente, realizar seu diagnóstico e decidir as melhores estratégias de tratamento. Para alguns casos pode ser a laparoscopia. Para outros, a fertilização in vitro. Em algumas ocasiões, porém, ambos procedimentos podem ser combinados.
Com a palavra, o especialista
De acordo com o doutor Rodrigo Sabato Romano, médico do Projeto BETA - Medicina Reprodutiva, essa decisão era bem mais difícil quando as técnicas de reprodução assistida apresentavam taxas de gravidez muito ruins. No entanto, com o advento das novas tecnologias e a melhora das taxas de gravidez da FIV, o uso de técnicas cirúrgicas é cada vez mais restrito, principalmente para pacientes acima de 35 anos.
Além disso, para quem tem menos de 35 anos, vários fatores devem ser considerados antes da opção de tratamento ser definida, tais como: tipo de alteração tubária encontrada, qualidade do sêmen do parceiro, tempo de infertilidade do casal, quantidade de filhos desejada, entre outras coisas. 'Apenas uma análise cuidadosa, realizada preferencialmente por profissional especializado e que domina as duas técnicas, poderá indicar o melhor caminho. Lembrando, que se a opção for pela cirurgia, devemos sempre realizar de forma menos agressiva possível com foco na preservação dos tecidos reprodutivos.', lembra o doutor Rodrigo.
Abaixo alguns detalhes sobre cada um dos procedimentos:
Como funciona a Laparoscopia?
Apesar desse nome complicado, a cirurgia é considerada de baixa complexidade e consequentemente pouco invasiva. Nela, após uma pequena incisão na região abdominal, por onde é introduzido o laparoscópio, o cirurgião consegue visualizar e manipular os órgãos reprodutivos por meio de uma câmera e pinças com menos de 1 centímetro de diâmetro.
Na comparação com uma cirurgia tradicional, a Laparoscopia é bem menos agressiva, com menor trauma cirúrgico, menos sangramento intraoperatório, menor dor pós-operatória, recuperação pós-cirúrgica mais rápida e retorno mais cedo às atividades habituais e ao trabalho, além de menores cicatrizes. A técnica também tem taxas de infecções reduzidas. Antes do procedimento, o paciente é internado e submetido à anestesia geral e, conforme o andamento da cirurgia, pode até deixar o hospital no mesmo dia.
Para quais casos a Laparoscopia é recomendada?
Muita gente não sabe, mas a laparoscopia pode ser utilizada tanto como método para definir diagnósticos, como também como opção de tratamento por meio de procedimento cirúrgico. E isso não está restrito ao procedimentos apenas do sistema reprodutivo. Para identificar algum problema, ela pode ser essencial na investigação e confirmação de casos como:
· Problemas na vesícula biliar e no apêndice;
· Endometriose;
· Doença peritoneal;
· Tumor abdominal;
· Doenças ginecológicas;
· Síndrome aderencial;
· Dor abdominal crônica sem causa aparente;
· Gravidez ectópica.
Nos casos de necessidade de intervenção cirúrgica, a laparoscopia pode ser utilizada para o tratamento de problemas como:
· Retirada da vesícula e do apêndice;
· Correção de hérnia;
· Tratamento de hidrossalpingite;
· Retirada de lesões ovariana;
· Retirada de aderências;
· Laqueadura das trompas;
· Histerectomia total;
· Retirada de mioma;
· Tratamento de distopias genitais;
Como funciona a fertilização in vitro?
Para realizar o procedimento, é feita a coleta dos óvulos da mulher e dos espermatozóides do homem. O tratamento também pode ser feito com óvulos, espermatozóides e mesmo embriões doados. O tratamento é feito em cinco etapas:
1 - Estimulação ovariana
A mulher faz uso de hormônios injetáveis para estimular o desenvolvimento dos folículos (pequenos cistos que podem conter um óvulo). Esse processo pode durar de 10 a 12 dias, e é acompanhado por exames de ultrassonografia e eventuais dosagens hormonais.
2 - Coleta e seleção de óvulos
Por meio de uma agulha acoplada a um aparelho de ultrassom, o líquido dos folículos ovarianos é aspirado. Feito sob leve sedação, o procedimento geralmente dura entre 15 e 30 minutos. Os óvulos mais maduros e saudáveis seguem para processo de incubação em uma estufa especial.
3 - Coleta e seleção de espermatozóides
O processo é feito por masturbação, dentro de uma sala privativa da clínica, para evitar qualquer contaminação exterior e ter agilidade no tratamento da amostra. As amostras obtidas passam por um preparo em laboratório, o que inclui a seleção dos espermatozóides mais saudáveis.
4 - Fertilização
Após a seleção dos óvulos e espermatozóides, ambos são colocados em contato para que ocorra a fertilização no laboratório e armazenados em uma incubadora, que possui a mesma temperatura e demais condições do corpo da mulher.
5 - Transferência de embriões
Entre dois a cinco dias, o embrião está pronto para a transferência, feita com o uso de um delicado cateter. O exame de gravidez pode ser feito entre 9 até 15 dias depois da transferência.
Para quais casos a FIV é recomendada?
Como já dissemos antes, apenas um médico especializado em reprodução assistida poderá indicar o melhor tratamento para cada paciente, após a realização de todos os exames necessários e o diagnóstico de cada caso. Mas, de modo geral, as indicações para o uso da fertilização in vitro são bastante abrangentes e podem estar relacionadas com o homem ou com a mulher. Há também casos em que mulheres ou homens desejam engravidar sem a participação de um parceiro ou casais homoafetivos que desejam ter filhos biológicos.
Os casos mais comuns de infertilidade estão relacionados com:
· Ausência de gametas no sêmen;
· Baixa contagem de espermatozoides;
· Problemas de motilidade ou morfologia nos espermatozoides;
· Casos em que os tratamentos de baixa complexidade, como o coito programado e a inseminação artificial não foram efetivos;
· Bloqueio total ou parcial das trompas;
· Distúrbios na ovulação;
· Endometriose;
· Falência ovariana;
· Idade avançada da mulher;
· Preservação de óvulos ou espermatozóides, de mulheres e homens, antes do tratamento de câncer, uma vez que os procedimentos deste tratamento como radioterapia e quimioterapia podem afetar em definitivo a fertilidade;
· Doenças genéticas que precisam ser evitadas nos filhos;
· Adiamento social da maternidade.
Casos de endometriose e procedimentos combinados
Muitas mulheres com endometriose precisam estimular a ovulação para conseguir engravidar. Nos casos em que isso não é possível, os médicos podem indicar uma videolaparoscopia antes de iniciar os tratamentos de reprodução assistida. Além disso, a cirurgia também poderá ser recomendada após falhas repetidas de implantação embrionária em ciclos de fertilização in vitro.
Neste artigo, explicamos resumidamente algumas questões sobre a escolha entre laparoscopia e fertilização in vitro, dentro das estratégias para tratamentos contra a infertilidade. Caso você tenha alguma outra dúvida, nos chame no Whatsapp, clicando no botão localizado no canto inferior direito dessa página, e fale com a equipe Projeto Beta.
Categoria: Dúvidas
Publicado em: 16/04/2019